"Topa tudo por dinheiro - agora em alta definição" (primeira temporada)

Tá escolhido e ponto final.
Nosso presidente escolheu hoje o tão proclamado padrão japonês para televisão digital. Isto depois de lobbies fortes e até propaganda Global nos atemorizando com o risco do fim da TV de graça.
Eu nunca tinha visto tanta união entre essas empresas - tudo pelo bem da nação!
Em época de eleição não se pode brincar com emissoras de televisão, meu irmão.
Dá até pra imaginar as "sábias" conclusões do seu Hélio, ministro pau mandado da Central Global de Operações:
- Aprova logo isso aí dos japas que vai ficar tudo mais fácil... esses caras do CPqD* não sabem de nada... onde já se viu?
- Dar espaço pra essas ONGs inúteis disponibilizarem conteúdo audiovisual na TV...de graça?!
- Que loucura!
- Sim, eu sei que o padrão europeu permite a existência de mais canais... e eu sei que sai mais barato o custo por antena... não me importa se o modelo europeu foi adotado em 57 países e o japonês só tem no Japão. O que eu quero mesmo é aproveitar tudo que a minha TV LCD de R$ 20.000 pode oferecer em termos de imagem pra poder ver - daqui há uns 7 anos - o Domingão do Faustão.
Então é assim?
Sei não... algo me diz que não fomos nós que saimos ganhando com isso...
Você quer mesmo pagar este preço para que a nossa TV fique assim... " de graça"?
Qué pagá quãntu ? ?!
* Laudo que o governo federal encomendou do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações.
5 Comments:
Péra aí... sua crítica está embasada no fato de o conversor custar 100 REAIS MAIS CARO ??
Se não me engano a tecnologia do padrão ISDB é, de fato, superior... principalmente em relação à mobilidade.
Não entendi se você está simplesmente criticando o padrão japonês - sem dar alternativa - ou defendendo o europeu... Aliás, você acha que a "motivação política" seria só em relação ao padrão japonês? E a defesa encarniçada das teles pelo padrão europeu pra elas poderem entrar no mercado (e cobrar, claro) ? Não adianta entrar nas razões políticas... qualquer que fosse a escolha de padrão haveria uma motivação política. Temos que nos ater à tecnologia. E - repito - ao que tudo indica a japonesa é melhor mesmo...
Agora, cá entre nós: quando você diz "Ver o Faustão via digital na TV LCD"... e daí? O conteúdo ruim não vai melhorar qualquer que seja o padrão de TV digital...
Vamulá...
O assunto é cabeludo mesmo, e envolve negociações que deveríam ir além dos territórios eleitorais. Projetos de médio prazo não combinam com votos.
Concordo contigo: não tem como não ser uma decisão política. Mas tem que ser uma política inteligente, né? Algo diferente dessa coisa atropelada, decidida nas coxas às vésperas das eleições.
Realmente, não me importa se o fulano ou o sicrano vão ganhar mais com isto. Alguém vai ganhar mesmo. Mas quem perde?
O que me preocupa é a falta de democratização na produção de conteúdos.
Você diz tecnologia melhor... hmmm... melhor para que? Melhor para quem?
Para continuar com as mesmas opções, porém com uma imagem melhor?
Realmente, apesar de ser radialista, não conheço muito a fundo as diferenças de engenharia entre os 3 padrões. Tive um colega doutor em computação/telecomunicações lá do ICEX - instituto de Computação Experimental da UFMG - que tentou me explicar, em detalhes, as maravilhas que os europeus estavam fazendo com o MPEG-4... bem, não entendí muuita coisa não.
Confesso que sobrou muito pouco do que me ficou armazenado em alguns dos "norônho".
Sou meio idealista, e fiquei mais entusiasmado com o princípio de cooperação nas tecnologias que são desenvolvidas em consórcios de pesquisadores - caso do JPEG e dos MPEG 1, 2, 4 e 7.
Sem querer ser muito tecnocrata, acho que todos os padrões apresentados ao governo são avançados no ponto de vista técnico. Os países que os adotaram não são atrasados tecnicamente. Pelo que acompanhei, o caldo engrossou na disputa emissoras de TV x operadoras de telefonia. As tvs só tinham o poder de barganha agora, em plenas eleições. As teles têm mais grana. Aí a coisa se complicou na equação: poder / dinheiro - tempo.
Concordo também contigo a respeito da produção de conteúdo. Não adianta ter a mesma porcaria com uma imagem melhor. Também não adianta ter mais do mesmo (mais canais com a mesma porcaria).
Porém, mais canais podem representar também uma maior democratização da TV. Principalmente, se ONGs e entidades que representam a sociedade civil pudessem fornecer condeúdo. Coisa que o padrão europeu possibilitaria. Aah... me esquecí dos canais comunitários e universitários atuais... todos disponíveis para aqueles pobres que pagam pela TV a cabo!(?)
UAU! Que sensatez!
Um verdadeiro exemplo brasileiro de democratização dos meios audiovisuais...
Do jeito que ficou, serão os mesmos canais de sempre - com uma imagem melhor, e um pouquinho de interatividade (isso será de graça mesmo?).
Aliás, atualmente eu não sofro com a qualidade de imagem da minha TV, mesmo sem receber o sinal em HDTV.
Bem, a história continua até a adoção do modelo de negócio, que deve sair naquele tipo de sociedade "Pé na Bunda" que é a nossa, onde uns são o pé, e outros são a BUNDA!
Ou não?
Vamulá novamente... me empolguei.
100 REAIS MAIS CARO não é pouca coisa não...
E não estamos falando de um só conversor!
O ministro, do alto de sua arrogância, desprezou o relatório do CPqD. Tudo isso em prol de uma posição pré-estabelecida, antes de haver estudos a respeito. Aliás, sem querer debater o assunto com os especialistas.Isto já é algo diferente de "motivação política"...
É no mínimo estranho tentar negociar contra-partidas com quem quer que seja quando você já tem uma preferência declarada previamente, você não acha?
- Quero comprar um carro, mas estou na dúvida entre o seu - que eu acho beem melhor - e o do vizinho, que eu acho pior. Você me faz pelo mesmo preço, com as mesmas condições de pagamento?
"Segundo o CPqD, a escolha do governo deveria levar em conta as perspectivas de mercado, para gerar maior fator de escala de produção, o que influencia diretamente no investimento necessário no setor produtivo e no preço final ao consumidor".
Ainda de acordo com o relatório, o fator preço do conversor é fundamental: "quanto menor o preço, melhores os resultados em termos de adesão da população, de níveis de produção e de balança comercial" *.
(*publicado hoje na Folha)
Agora, saindo dos aspectos técnicos...
Como consumidor, você prefere uma melhor qualidade de imagem para os mesmos canais atuais do que uma maior quantidade de canais usando a mesma frequência de 6 Mhz?
Qualidade de imagem de DVD não está bom? Tem que ser muuito melhor - HDTV mesmo? Praquelas TVS de R$ 20.000?
Então tá.
* Minha alternativa era a de uma parceria entre Índia, China e Brasil (ou outros países cooperados)pra montar um padrão próprio baseado em MPEG4. Sem ter que pagar Royalties, investindo em pesquisa, gerando mais emprego e know-how aqui no Brasil. E sem ter que ser outro PAL-M, já que o MPEG vai continuar com força para a maioria dos países. A médio prazo isso teria sido bem melhor pro país...
Não precisamos de tanta pressa pra colher os frutos disso imediatamente.
E nem vamos, de qualquer forma.
Quem vai poder assistir em HDTV a Copa do Mundo 2006 em casa?
Ninguém.
O que será produzido em HDTV a curto prazo?
Quase nada.
Mas agora já é tarde...
Opinião de um engenheiro
Primeiramente o CpQD não é lá grande coisa para ser levado em consideração. Um bando de burocratas com equipamento obsoleto que chamam de laboratório. Então a discussão técnica vinda de um relatório deles não é algo de grande valia.
Sobre o custo de 100 reais a mais ou a menos, digo que custo hoje em dia é uma pequena comodity, pois quando um produto desses é vendindo por uma loja de varejo no modelo das Casas Bahia, esses mesmos 100 reais são parcelados em 12 vezes de R$ 15,00 que em geral não afetam o bolso, ou a cabeça, de nosso estimado povo brasileiro. Inclusive nós mesmos fazemos parte da parcela da população que gasta anualmente, em suaves prestações, com algo que realmente não precisamos, ou alguém aqui vai dizer que não troca sempre de celular mesmo não sendo necessário? É meu amigo, o tsé-tsé do consumismo é forte...
E sabemos que parte da produção pode ser subsidiada pelas TV *abertas* já que é de seu interesse que cada pessoa tenha uma imagem melhor para poder acompanhar mais de perto o BigBrother e, quem sabe, votar on-line via TV mesmo, a um custo baixinho, baixinho...
Vamos pensar agora sobre o padrão japonês. Aliás, ao contrário: vamos "não pensar". Digamos então que tivesse sido selecionado o padrão europeu. Quem ganharia com isso? Muito provavelmente os senhores do euro, que poderiam cobrar com sua cara moeda os roalties pela tecnologia, além de aproveitar sua produção existente, exportando TVs, elevando sua combalida economia e gerando mais empregos na região. O que importaria do sinal ser pior (lembre-se da menor qualidade de imagem) já que teríamos maior número de canais? Se bem que a grande maioria das donas de casas continuariam a somente assistir novelas na Globo, como fazem atualmente nossas distintíssimas senhoras que, menosprezando a inúmera quantidade de canais da TV à cabo, ou TV paga, continuam a assistir a TV aberta pelo sinal fechado.
Não vejo muita diferença aqui se fosse selecionado o padrão americano.
Mas e os japoneses?
Sim... o que dizer da terra de nacionaro-kid? É uma padrão com m uito mais qualidade na imagem, com certeza. Sua produção deverá ser nacional, já que o povo nipônico não deve conseguir atender a nossa demanda. Com isso, muito provavelmente paises que ainda estavam em definição de padrão, como a China e a Índia, também devem alterar seu padrão para o japonês, o que deve permitir uma produção em escala e baixando o preço do produto final (mas lembre-se que mesmo assim vamos continuar pagando em suaves prestações).
Não sei você, mas para mim parece uma tendência promissora. E quanto às reclamações quanto o padrão usado, qualquer que fosse ele, todos reclamaria igual.
Sim, Lobo dos mares com ondas ISDB, veremos onde vai dar essa história do Jaspion x Asterix.
É incrível a urgência que, de repente, passou a ser empregada para recebermos logo a TV Digital em nossa casa.
Não tivemos nem tempo, nem espaço, para pensar em uma alternativa nacional - em parceria com os outros países mencionados - só pra variar... tentar escapar dos royalties.
Enfim, está sendo um puta jogo mal jogado... chocho... distante da nossa realidade Big Brother.
Será que a sociedade brasileira tem tanta pressa para captar em HDTV com sua TV de 20 mil reais?
Ou será que para nós seria melhor qualquer solução que possa trazer mais empregos, pesquisa e tecnologia de ponta para o país?
Fico com a segunda opção.
Não importa quanto tempo isso possa demorar.
Infelizmente, a estratégia dos tubarões é confundir a nossa cuca com esse samba do crioulo doido tecno-eleitoral.
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